terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pedras no caminho não vou tropessar

São cacos de vidro querem te cortar

Um sorriso entre um milhão

Olhos escondidos no meio da multidão

Pode não parecer

Mas ainda consigo te ver

Por trás de tantas pegadas em falso

Tantos sorrisos tortos

Esperando acordada

O dia acabar

São mais 24 horas

E nada de você aqui

Sentimento quanto grita

Expulsa e elimina

Entre lágrimas que te fazem sorrir

Paredes se destroem em pés descalços

Calçadas imundas , são os tênis sujos

Pisadas que chutam, versos que escutam

E tudo o que eu precisava te dizer

Enquanto minha mente penetrava em você

Amor é doze diária

Sorriso é melamina

Desgraça vive na graça

Lágrimas escorregam da alma

Pés descalços é o risco de se cortar

Simpatia flutuante, socialismo sonhador para disfarçar

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Presa

Nada do que você me diz parece ter sentido agora
Tudo o que eu quero, ou ao menos preciso
É observar o passar das horas
Que leva entre essas linhas curvas do pensamento
O seu que encaixa no meu a qualquer momento
E enquanto você se enrolava ao falar
Tudo o que fazia era não escutar
Talvez porque melhor seria observar você
Talvez porque te ouvir não mudaria nada
E ficava eu, subentendida naquele mesmo lugar
Observando seus olhos enquanto você se enrolava ao falar

Sabia que me contava das coisas mais belas que via e que viria a dizer
Mas não sabia você
Que enquanto dizia
Algo em seu olhar me prendia e me fazia esquecer?
Compenetrava nos seus detalhes mais súbitos
Me apaixonava por cada pequeno gesto
Me arrependia e linchava-me
Mas de nada adiantaria
Já estaria eu, novamente perdida
Nas entrelinhas daquele que me fala

Não pense você que eu quis ignorar
Mas tudo o que eu mais queria
Ou mais ou que me atraia
Era te observar
Porque nada adiantaria
O que você dizia ao se enrolar
Nada disso mudaria
A prisão que me agradava
Em seu olhar


- ; -

Sou presa certa desse olhar inseguro
Sou quem você procura para capturar
Enquanto nos versos mais obscuros
Você tenta se camuflar
Sou a presa indescoberta
Desse olhar que penetra
E que me prende,
me suga,
me arrepende e me frusta,
no auge do te-amar
Prenda-me no seu olhar.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Versinhos de um telefone qualquer.

E eu sei
Que quando você não acreditar
Que o amor pode existir
Você me ligará
Me fará traduzir
O que acha que te encendeia
Do tempo que já passou
Mas que regressa em cada instante
Nos olhares, nas fotografias da estante
Que você ainda não guardou

Pois te digo, meu querido
Quando você me ligou
Eu soube que jamais teria
Alguma mais bela companhia
Do que aquele que me liga
Que não combina, nem avisa
As dez da noite de outro dia
Emplorando minha estadia
Em seu coração.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Acho que o amor é como um achocolatado que tomamos por impulso sem parar para respirar. Acho também loucura associar duas coisas tão genericamente diferentes, mas me levo a pensar se será que é verdade mesmo. O amor é doce, o achocolatado também. E todo chocolate apresenta vários tipos específicos: Tem amargo, meio amargo, ao leite... E o amor, sinteticamente, também. O achocolato pode ser tão gelado que nos dói os dentes, quanto o amor pode ser tão frio que cai na rotina, cai no comum. Ou tão quente que nos faz queimar a língua, ou no amor que alimenta a fome do desejo e rejuvenesce.
No final, os efeitos são os mesmos: Prazer temporário, e tenho dito! Durante os 5 minutos enquanto o achocolatado é aprovado pela nossa saliva, ou enquanto o amor se instala no nosso coração e nos vira a cabeça. É sempre um efeito rápido, que pode causar colaterais depois: A sensação de estar cheia ou o enjôo é presente nos dois complexos.
Há também mitos, mistérios que envolvem as duas receitas: Em geral, sobre suas consequências físicas e mentais. O chocolate nos provoca o prazer, ou o amor que nos encendeia? As espinhas realmente aparecerão, ou realmente tudo acaba?

Nós, mulheres, no auge de nossa segurança feminina declaramos: "Homem não pode ver rabo de saia que fica louco!", mas temos que concordar, por mais que isso seja vergonhoso para nossa sempre correta disciplina que não podemos ver um boné, uma bermuda, ou um perfume que seja e nos arrepiamos e ficamos louca devorando vários pedaços de chocolate, oferecendo vários pedaços de chocolate e associando pela eternidade esses "detalhes" a alguém que nos tira o sono. É fato, nós mulheres somos louca por chocolate. Somos louca por amor.

Mas isso vai muito além de uma pequena realidade. Na verdade, desde sempre fomos fanáticas pelo sexo oposto muito além do que pelas regras opostas pela sociedade ou pela religião. Lá no primário já fazíamos corações e namorávamos em segredo o menino mais bem feitinho da sala ou menos pentelho ou mais pentelho, que seja.. Ah, e quem nunca se apaixonou pelas espinhas opostas na adolescência no famoso amor-proibido-é-meu-melhor-amigo? Quando vai se tornando grandinha a coisa fica complicada, vira e mexe estamos "ajuntados" com alguém mas não é nada específico. É complicado. Adoramos complicações.

Volto a citar: Nós mulheres somos loucas por chocolate. Conheço pouquíssimas exeções. E fazemos martírio mesmo: Quando ele acaba, recorremos a todos os outros tipos de doce depressivos e mais salgados.. É uma velha mania, afinal. Ah, e como gostamos de doar chocolate, não é mesmo? De tomar chocolate, de comer chocolate.. E puft, nos engasgamos frequentemente!
Engordamos e nos martirizamos pelo bombom do dia anterior. Danado, tsc tsc tsc.
As espinhas também pipocam no rosto, diz a lenda. Mas que se dane, tudo acaba em chocolate (não seria pizza?) no final mesmo.

Não sou fã de chocolate porque prejudica minha dieta, mas quer saber? Todo dia sempre acabo provando um pedacinho daqui ou um acolá. E sem culpa, feliz da vida. Mando pro brejo toda essa história de espinhas ou de quilinhos a mais. O chocolate me aceita como sou. E sabe o que mais? Quero mais é passar o resto da minha vida me entupindo de chocolate MESMO! Chocolate com TV, com PC ou com o que mais sei lá o que. Vou viver de chocolates, de doar chocolates e ser feliz no chocolate. Em todos seus diferentes estados, do mais amargo ao mais doce... E fazendo deliciosos achocolatados, tomando por impulso feliz mesmo. Mas aos poucos, para não engasgar..

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Romance matemático.

A irregularidade do seu sujeito era comovente. Simples e acompanhado sempre de um verbo na primeira pessoa do singular. Falava como se as palavras fossem expulsas de um coração cansado. Suas mãos eram suadas e a mente, inquieta. Respirava os números, parecia psicografar as contas e se concentrava no tumulto do dia-a-dia.
Ela era dupla. Na verdade, tripla, e muito bem dividida. A bitransitividade era regular. Dividia-se entre vida e sonho, sonho e vida, de forma unitária, e com os mesmos valores X. Sua alma era cortada por uma reta. Uma reta desvinculada, e que dizia-se ter continuação: E tinha!
A continuação dessa reta levava para suas raízes mais profundas e menos nítidas, porém mesmo que assim, as mais bonitas. Era típico. O mais difícil de ser encontrado é o extremo. Em seu caso, o extremo do belo. As velhas memórias e as falsas lembranças. Os tristes sorrisos e os olhos "pupilados".
Apaixonaram-se.
O distante e a distância. O interminente e a sem fim. Foi-se descobrindo na sua reta principal e se perdendo como tudo na vida. A desenhou. Calculou. E descobriu que os dois lados, perfeitamente separados e de valor unitário entre o sonho e a vida... Não estavam corretos. O ângulo não era exato. A sua reta apontava para um lado mais distante, afinal? O sonho, ou a vida?

Acordou. O sonho acabou. Era sonho. Seu lado extremista, o fim do seu começo e a verdade deprimida era que são duas realidades diferentes. E muito bem divididas. Mesmo que subtendidas.. acorda-se. Bom dia, Bissetriz.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Romance provisório.

Dois corpos, um sofá pequeno demais para nós dois. Rostos embriagados de melancolia. Pés trêmulos. Seus dedos eram longuíneos, o suficiente para cobrir os meus enquanto me perdia em pretextos inválidos. Transpirava segurança. A televisão sussurrava a nossa frente e tudo o que conseguíamos fazer era não ouvir. Palavras do cômodo ao lado eram distantes.
Seu rosto virou em 60°. O repreendi por pensamento. Não havia mais desculpa. O intervalo tinha começado na TV. Completou 120° desatadamente. Dois grandes canos me perfuravam a alma. Eram seus olhos. Virei-me a sua face. Eram dois grandes canos de uma dimensão interminável no apocalipse dele. Dois cantos de boca. Respiração angustiada. Tanto a ser dito e o não dizer nada.. Trocas de meia-duzia de palavras, que nada diziam:
- Seus dedos são longos.
- Tenho sorte. - Pausa, a típica pausa entre seus longos cílios flexionados - Por eles fazerem por mim o que minha mente inquietante me faz tremer.

Minha boca se estendeu em dois grandes cantos na bochecha. O busto se estufou. Ele acompanhou. Os olhos se encontraram na mesma dimensão do infinito, fechados.
A programação na TV voltou. O comercial havia passado.
Mas seus longíneos dedos continuavam lá, cobrindo os meus, intocáveis, imudáveis. Segurança.
Tanto a ser dito e o não dizer nada..parecia o suficiente e já não nos incomodava. A televisão nos salvou de nós mesmos. Esperamos o próximo comercial.

domingo, 19 de setembro de 2010

Eu por mim.

Gosto de abraços. Mas de abraços apertados e demorados mesmo, nos quais dá para sentir ou ter a mínima idéia da pulsação daquele que te aconchega nos braços. Sou uma eterna viciada em sorrisos. Em dentes expostos. Em cantos de boca. Tal como, me vicío e assumo completamente a função de romancista. Das menos experientes, das mais atrevidas.
O amor me consome. Acompanhado de uma trilha sonora desconhecida. Sou o doar, o ser, o fazer e (em todas as circustâncias) o sentir. Sou sentimento e sou vento. Descombinados. Brisa fresca, luz de luar. Pensamentos acumulados. Que pulam para fora de mim e tentam, fracassadamente, dar sentido as coisas. Sou completamente sem sentido.
E desvio. Sou o desvio. Temo olhares e imploro por eles. Lacrimejo por insegurança. E meus olhos falam muito mais por mim, do que eu tenho a dizer. Me entrego. E sou constantemente entregada pelos meus sentidos! E principalmente pela, já não ocasional, falta deles.
Tenho cobertores quentes. Escuto rock antigo. Ando pela rua e é como se fosse só eu.. e comigo. Tenho medo, e coleciono frustações. Agradeço. Aprendi a dizer, mas temporariamente tenho dificuldade de aceitar o não. Sou positividade deprimida. Sou corrida sem chegada. Sou alegria, alegria, alegria. Alguns cartões postais e uma boa camisa.
Gravo tudo muito fácil. Números de telefone, matérias, dizeres e especialmente, cenas. Sou especialista no ato de gravar cenas. Recordo-as com impressionante frequência e me lembro que esquecer é tão fácil quanto.
Sou intransitiva. Gritando por um objeto! Compasso torto, lápis quebrado. Mas daqueles que fazemos a ponta com canivete e dá para o gasto! Não sou boa em exatas. Justamente porque não sou uma. Inexistente, experimental e mutante. Leio muito mais do que com os olhos. Pena que não possa ver. Falo muito mais do que com a boca, e não meço meus gestos. Sou determinada. Específica. Errata.